Em 1709, Bartolomeu de Gusmão deu início às contribuições do Brasil ao mundo aeronáutico, ao criar o balão de ar quente. Já em 1901, com seu dirigível nº 6, Santos Dumont realizou ao redor da Torre Eiffel o primeiro voo controlado da história. Cerca de cinco anos depois, em 23 de outubro de 1906, perante mais de mil espectadores, pilotou o 14-Bis – primeira aeronave mais pesada que o ar a decolar por seus próprios meios. Na sequência, projetou e deu vida ao Demoiselle, sua obra máxima. Mais do que inventar produtos, o visionário brasileiro deu asas ao sonho de voar.
Anos mais tarde, em 1950, o Governo Brasileiro inaugurou o ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica – com foco na formação de engenheiros aeronáuticos. Nele, ingressou um garoto inquieto e sonhador, em 1959. Ozires Silva formou-se engenheiro aeronáutico em 1962 e passou a participar (e, na sequência, coordenar) do desenvolvimento de um projeto de aeronave que resgatasse a aviação regional no país.
Com primeiro voo bem-sucedido em 1968, o Bandeirante teve tamanha aceitação que exigiu a criação de uma fábrica que organizasse sua produção seriada. Nascia, assim, a Embraer.
O Ministério da Aeronáutica, criado pelo Decreto de Lei n.º 2.961 do Governo de Getúlio Vargas, surgiu com o objetivo de desenvolver, ampliar e coordenar as atividades técnicas e econômicas da aviação nacional, visando ao progresso e a segurança do país. O primeiro ministro a assumir a pasta foi Joaquim Pedro Salgado Filho.
Convencida do potencial de mercado associado à aviação regional e das primeiras experiências bem-sucedidas com o protótipo, a equipe partia, então, para um novo desafio: viabilizar a fabricação em série do Bandeirante. Após tentativas junto ao setor privado, o time liderado por Ozires Silva articulou com o governo a criação de uma companhia de capital misto, com capitalização inicial do Estado.
Em 19 de Agosto de 1969, a Embraer foi oficializada via Decreto de Lei. Suas atividades se iniciaram em 2 de janeiro de 1970, em endereço que, até hoje, homenageia a data (Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2170 em São José dos Campos – SP). Para viabilizar a comercialização do Bandeirante, a Embraer introduziu diversas modificações no modelo. Depois delas, o avião trocou de código: recebeu a numeração EMB 110, deixando as iniciais “EMB 100” apenas para os primeiros três protótipos.
Ao longo dos anos 1970, o Bandeirante ganhava destaque no mercado e rasgava os céus dos quatro cantos do planeta. Simultaneamente, a Embraer trazia soluções inovadoras para seus primeiros clientes nos segmentos de aviação agrícola, comercial e executiva. Entre as aeronaves apresentadas, destacaram-se o Ipanema, o Xavante e o Xingu, além da linha montada em parceria com a americana Piper.
Após seus primeiros 10 anos de vida, a Embraer ganhava maturidade e altitude. As aeronaves apresentadas já se consolidavam e o Bandeirante marcava seu nome como grande protagonista da aviação regional global, inclusive no concorrido mercado estadunidense.
Nos anos 1980, foram introduzidas novas aeronaves, especialmente visando os mercados da aviação comercial e de Defesa. Neste nicho, a Embraer se destacou ao estabelecer parceria com as italianas Aeritalia e Macchi (posteriormente, se uniram e formaram a Aermacchi) para desenvolver seu primeiro caça: o AMX. Além disso, inovou ao dar vida ao EMB 312 Tucano – um turboélice de treinamento que aliava desempenho equivalente e custos menores em relação aos modelos a jato da época.
No segmento comercial, a Embraer introduziu o EMB 120 Brasilia, um modelo pressurizado que integrava as mais avançadas tecnologias disponíveis. Foi considerado o avião regional mais utilizado do mundo, tendo superado a marca de 350 unidades comercializadas e operadas por 26 companhias aéreas em 14 países.
No início da década de 1990, a Embraer se associou à FAMA (Fábrica Argentina de Material Aeroespacial) para investir em um projeto altamente inovador. Com desempenho acima da média, o CBA 123 Vector era silencioso e veloz. Entretanto, exigindo elevados investimentos das parceiras e enfrentando um cenário econômico internacional desfavorável, o turboélice não teve a aderência esperada do mercado.
Em 1994, após investimentos direcionados ao projeto do CBA 123, a Embraer sofreu com dificuldades financeiras. Uma reformulação profunda era necessária. Ozires Silva voltou, então, à Companhia para conduzi-la a um processo de privatização, que se concluiu no final daquele ano.
Em meio a essa conturbada situação, engenheiros trabalhavam em uma nova aeronave. Estudaram o mercado de aviação regional minuciosamente e sabiam que esse novo modelo era capaz de responder às suas necessidades. Seu nome: ERJ-145 – um bimotor a jato, narrow-body, para 37-50 passageiros. Alinhado às demandas do mercado, o avião teve tamanho sucesso que deu origem a uma família completa de aeronaves Embraer (Embraer Regional Jets – ERJ 135, 140, 145 e 145XR).
O sucesso da família ERJ – Embraer Regional Jets – deu novo impulso à companhia. No início dos anos 2000, foi anunciado o programa E-Jets (jatos comerciais com capacidade para entre 70 e 130 passageiros) e a Embraer intensificou sua participação no segmento de jatos executivos. Foram desenvolvidas as famílias Legacy e Phenom, além do Lineage 1000E, o maior jato executivo do mundo.
Entre os anos 2000 e 2010, a frota de E-jets consolidou a liderança global da Embraer no segmento de aviação comercial regional, enquanto o Phenom 300 se tornou o avião executivo mais vendido do mundo.
Nos anos 2010, foram apresentados o KC-390 – cargueiro militar multimissão desenvolvido junto à Força Aérea Brasileira -, a família de E-Jets E2 (os jatos comerciais regionais mais silenciosos e eficientes do mundo), além da família Praetor, de jatos executivos.
A Embraer hoje também pensa fora da caixa. Incentivando dinâmicas disruptivas de inovação, a companhia tem se empenhado no desenvolvimento de um eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical, em português). Uma alternativa pensada para revolucionar a mobilidade urbana, ampliando o acesso ao transporte aéreo dentro das cidades.
Inspirada por sua essência e pelos grandes personagens de sua trajetória, a Embraer está comprometida em superar os desafios do futuro. Construindo, por meio de sua engenharia criativa, um legado cuja herdeira será a própria humanidade.
Ao longo de sua jornada fantástica, a Embraer contou com inúmeros facilitadores que possibilitaram que ela se tornasse, hoje, uma das maiores companhias aeroespaciais e de defesa do mundo. A combinação entre a engenharia criativa do brasileiro e a excelência educacional na formação de engenheiros aeronáuticos no Brasil foi um dos facilitadores mais expressivos.
Como forma de retribuir as contribuições da Educação para sua jornada, a Embraer inaugurou, em 2002, o Colégio Juarez Wanderley. Dedicado a introduzir metodologias inovadoras de ensino para permitir uma formação de excelência a estudantes do Ensino Médio de São José dos Campos, a instituição se tornou referência nacional. Hoje, figura como uma das melhores instituições educacionais no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio.
Entre 2002 e 2007, a Embraer expandiu, ainda, sua participação pelo globo, assumindo o controle da OGMA em Portugal. Além disso, deu sequência ao desenvolvimento do programa E-Jets, apresentando as aeronaves E170, E175, E190 e E195. Por fim, intensificou sua participação no mercado de jatos executivos, introduzindo a famíla Phenom.
Em 2008, a Embraer apresentou aquele que seria consagrado o jato executivo mais vendido do mundo por seis anos consecutivos: o Phenom 300. No ano seguinte, lançou o programa KC-390, estabelecido em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), e focado no desenvolvimento de um cargueiro militar multimissão. As primeiras unidades devem ser entregues à FAB em 2019.
No início dos anos 2010, a Embraer ampliou sua internacionalização, inaugurando a unidade de Melbourne (Estados Unidos, em 2011), focada na fabricação de alguns dos principais jatos executivos da Embraer; e a unidade de Jacksonville (Estados Unidos, em 2013).
Foram lançados os novos membros da família Legacy: os modelos 450, 500 e 650. Em 2012, foi lançada a Visiona – uma parceria entre Embraer, Telebras e Governo Federal – focada no desenvolvimento do primeiro satélite geoestacionário brasileiro. Já em 2013, foi inaugurada a segunda unidade do Colégio Embraer, o Colégio Brigadeiro Casimiro Montenegro, em Botucatu, acentuando a participação da Embraer na Educação.
Nos anos 2010, a Embraer apresentou o programa E2, visando o desenvolvimento dos jatos comerciais de até 150 assentos mais silenciosos e eficientes do mundo. Desde então, já foi introduzido no mercado o E190-E2 (em 2018), tendo como primeiro operador a companhia aérea norueguesa, Wideroe.
Em 2015, foi apresentado o Ipanema 203, nova versão do avião agrícola produzido pela Embraer desde os anos 1970. O Ipanema 203 é o único avião do mundo, vendido em série, que aceita etanol como fonte de combustível.
Muito além do universo da aviação, a Embraer se prepara diariamente para o futuro. Direcionando esforços para a inovação disruptiva, a Empresa se instalou no Vale do Silício em 2017 e está comprometida a revolucionar a mobilidade aérea urbana das grandes metrópoles, introduzindo veículos aéreos de propulsão elétrica e decolagem e pouso verticais (no português, eVTOLs).
Fonte: Embaer