Ministro da economia quer negociar oxigênio da Amazônia e criar uma ‘Bolsa Mundial’

Parece brincadeira, mas é verdade. Foi isso que Paulo Guedesministro da Economia de Bolsonaro, propôs em passagem por Manaus, ontem, 25 de julho. Ele disse que o governo deve estudar uma forma de negociar a propriedade sobre a produção do oxigênio da Amazônia com outros países, defendendo a criação de uma Bolsa Mundial de Oxigênio.

Quer, literalmente, explorar a ideia de que a Amazônia é o pulmão do mundo. E defende o “direito de propriedade” desse oxigênio. Uma visão estritamente econômica da natureza, sem dúvida.

Guedes ainda disse que, como parceiros naturais do Brasil, os Estados Unidos tambémseriam parceiros nessas negociação, o que, segundo apurou O Globo, colocaria o país num “outro nível”. Mas ele também ponderou que o governo precisa saber “se os americanos reconhecem o direito de propriedade do oxigênio”. E acrescentou: “Tendo toda essa riqueza, vamos viver só de diferenças de impostos?”, fazendo referência ao modelo da Zona Franca de Manaus.

Guedes deu suporte às suas reflexões destacando a importância de “criar riquezas com a preservação da Amazônia” e que o governo quer que Manaus seja “um centro mundial de sustentabilidade e biodiversidade”, ressaltando que a Amazônia tem prioridade no desenvolvimento sustentável, mas que eles darão atenção a todas as regiões do país.

Claro que essa ideia estapafúrdia vai de encontro ao projeto desenvolvimentista do qual Bolsonaro tanto se orgulha. Segundo o mesmo jornal, o presidente também estava na capital amazonense e se manifestou sobre a Amazônia: “Temos biodiversidade, riquezas minerais, água potável, grandes espaços vazios, áreas turísticas inimagináveis, para alavancar nossa economia partindo daqui. Ao casar desenvolvimento com preservação ambiental, nós seremos a alma econômica do Brasil”.

Dito assim, até parece bonito. Mas, a julgar pelas medidas insustentáveis tomadas pelo governo de Bolsonaro quase todos os dias, especialmente pelas pastas do Meio Ambiente e da Agricultura, é difícil acreditar que algo do que este governo pensa leva em conta a preservação.

Ser a alma econômica do país é uma péssima missão para a maior floresta tropical do mundo. E criar uma Bolsa Mundial de Oxigênio para “vender” esse recurso produzido pelo bioma, parece mais uma piada de mau gosto.

Fontes: O Globo, Folha de São Paulo, Observatório do Clima, Conexão Planeta

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