A SAAB revelou em Linköping, na Suécia, a nova geração do tão esperado caça Gripen. Chamado pela fabricante de “Gripen E”, o modelo apresentado possui a mesma base que será utilizada na versão escolhida pela Força Aérea Brasileira (FAB). A aeronave da FAB terá equipamentos extras, alguns até mais avançados que os escolhidos para a série selecionada pela Força Aérea da Suécia.
“O Gripen E reúne todo o conhecimento que a Saab colheu nos últimos 70 anos desenvolvendo aeronaves. Não só isso, é um projeto com preço competitivo e muitas opções de personalização que podem se adequar às necessidades de qualquer força militar”, contou Ulf Nilsson, vice-presidente da SAAB, durante a apresentação do novo caça.
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Segundo a programação atual e se não houver atrasos, a FAB deve começar a receber os primeiros Gripen a partir de 2019. Ao todo, a Aeronáutica encomendou 36 aeronaves ao custo de US$ 5,4 bilhões. Além dos caças, o contrato também inclui transferência de tecnologia para o Brasil e parte dos aparelhos serão construídos no Brasil, pela Embraer.
“A proposta apresentada pela Suécia, no processo seletivo FX-2, foi aquela que melhor consubstanciou a intenção primordial da Força Aérea Brasileira. Buscamos não apenas absorver tecnologia, mas sermos parceiros no desenvolvimento. Assim, a qualificação de recursos humanos altamente especializados, acompanhada pelo processo de transferência de conhecimento, proporcionará um novo impulso de desenvolvimento de nosso complexo científico-tecnológico, o que julgo que ser um dos mais importantes legados deixados por esse projeto promissor”, discursou o tenente-brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, comandante da Aeronáutica Brasileira, durante a apresentação na sede da SAAB.
Evolução
O novo Gripen possui um motor mais potente e de menor consumo de combustível, além de evoluções nos comandos de voo computadorizados (fly-by-wire). O caça também ganhou um novo radar, capaz de acompanhar até 200 aeronaves simultaneamente, e sistemas de comunicação criptografados.
De acordo com o fabricante sueco, a aeronave poderá voar a mach 1 (velocidade do som – 1.234 km/h) sem a necessidade de usar pós-combustor (quando o motor atua como se fosse um foguete) e, com força total, será capaz de alcançar a velocidade máxima de 2.470 km/h.
Já o alcance do caça, comparado ao das versões anteriores, aumentou 50%, mesmo sem a necessidade de reabastecimento aéreo. Em configuração de combate (armado com quatro mísseis e levando dois tanques de combustível externos), a nova geração do Gripen tem autonomia de 1.800 km.
O sistemas embarcados no Gripen NG, como a Saab chama a nova geração do avião, vão permitir o uso de mísseis ar-ar (de interceptação aérea) e ar-terra de médio e longo alcance orientados por radar, bombas “inteligentes” guiadas a laser, além de uma série de outros recursos, como sensores infra-vermelho de busca e equipamentos de guerra eletrônica, como perturbadores de radares e rádios.
O Gripen NG da FAB
O pacote de tecnologias para o Gripen NG escolhido pelo Brasil o torna mais avançado que a série selecionada pelos suecos. Além dos tanques de combustível internos de maior capacidade, o que exigiu a instalação de um trem de pouso mais robusto, o caça da FAB ainda terá um dos painéis de controle mais impressionantes da aviação militar.
Em vez de três telas digitais separadas, como é a versão do Gripen E configurada pelos suecos, o modelo da FAB contará com um painel panorâmico WAD (Wide Area Display), que reunirá todas as informações em apenas uma tela.
O Gripen “brasileiro” ainda terá um novo sistema de comunicação com dois rádios e sistema de encriptação, equipamentos de interceptação e destruição de mensagens, sensores infravermelho de busca e salvamento, além de ligação por datalink, recurso que permitirá ao caça “conversar” por meio de sinais eletrônicos com outros aviões e torres de controles.
E tem mais: o Gripen da FAB será equipado com recursos para minimizar a “assinatura radar” do avião, o que dificulta sua identificação e localização (na eventualidade de um combate), e o “Helmet Mounted”, um óculos acoplado ao capacete do piloto que funciona como uma espécie de monitor de ataque e reconhecimento de alvos.
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Pela primeira vez em 75 anos de existência, a FAB terá uma aeronave de superioridade aérea avançada de acordo com a tecnologia de seu tempo. Em termos de capacidade de combate e alcance operacional, o Gripen NG pode cumprir a mesma tarefa de quatro caças F-5 Tiger, atualmente a principal e mais rápida aeronave militar a serviço no Brasil.
Fonte: Airway