Morango muda a vida de agricultores na Chapada

O cultivo do morango na Bahia vem crescendo exponencialmente na região da Chapada Diamantina, essa cultura tem mudado a vida de agricultores da região. O fruto tornou-se uma alternativa rentável a pequenos produtores que plantavam tradicionalmente café e feijão, por proporcionar mais lucro e ser uma saída para enfrentar a seca, uma vez que o morango necessita de menor quantidade de água.
Conhecida por produzir um dos melhores cafés do país, a região da Chapada Diamantina sempre foi muito dependente dessa cultura e, diante do longo período de estiagem, empresários, trabalhadores rurais e gestores clamavam por um plano estruturante e emergencial para a recuperação
das lavouras. Mas as altas temperaturas durante o dia, e baixas à noite, davam sinais de que era possível avançar no cultivo de frutas temperadas.

A altitude da região contribui para temperaturas amenas e assegura o bom desempenho do morango, de uvas viníferas e para o cultivo protegido
de hortaliças. O desafio de fazer o grande apoiar o pequeno num sistema de integração e transformar a Bahia em uma referência na produção de morango deixou de ser sonho para ganhar contornos de realidade. Com o objetivo de desenvolver a cadeia produtiva no território, em bases competitivas e sustentáveis, no ano de 2011, o Governo do Estado instigou a formação de um grupo responsável pela condução do Projeto Morango da Chapada Sul, através de um encadeamento produtivo entre a empresa Bagisa S/A Agropecuária e Comércio em Ibicoara e agricultores familiares.
A estratégia para produzir, comercializar e realizar o processamento das frutas foi pensada para ser executada numa área teste com
a integração dos agricultores dos municípios de Mucugê, Ibicoara e Barra da Estiva, em parceria com as prefeituras e apoiado pelo Sebrae Bahia.
As dificuldades e tentativas frustradas de introdução do morango na região nos anos 80, 90 e 2000, a escassez de água para irrigação e a existência de uma empresa dominante no mercado estão sendo superadas a partir da análise minuciosa e implementação do projeto.
Seu Erivaldo Miguel não esconde a satisfação de ter concentrado suas energias no cultivo e garante que essa é uma ótima opção para a agricultura familiar. “O fantasma da seca fez muita gente abandonar o café e até vender sua propriedade. As despesas são muito altas e os preços estavam defasados.”  O produtor resolveu fazer um teste com o morango e percebeu que, em relação ao café, é três vezes
mais lucrativo.

Na propriedade em Mucugê, com 1.080 metros de altitude, ele plantou quatro mil mudas e, em sete meses, já lucrou mais de R$ 15 mil. “É preciso ter disciplina e oferecer a condição ideal para ter retorno. O morango é menos exigente em consumo de água. Não penso mais em plantar café”, revela. Erivaldo pretende ampliar a plantação em mais quatro mil mudas e disse que o agricultor precisa aproveitar esse momento. “Quem ganha somos nós, com formação técnica e noções de empreendedorismo, e o consumidor final com um produto
livre de agrotóxicos.”

Saiba mais sobre a produção orgânica que cresce na Bahia com a certificação participativa exibida pelo Globo Rural em junho de 2016. 

Sebrae estuda potencial da região

“Analisamos o potencial do projeto, o mercado e a concorrência. A construção de um mapa mental foi uma importante ferramenta de planejamento que permitiu criar uma estrutura de governança e definir ações para desenvolver o modelo de encadeamento e colocar em prática as consultorias tecnológicas”, explicou o consultor do Sebrae, Marsel Nogueira.

Em 2013, a Bagisa firmou parceria com 21 produtores da região. Inicialmente foi plantada uma área teste de um hectare. Ao todo, 21 famílias foram beneficiadas e, em apenas dez meses (de julho de 2013 até maio de 2014), houve uma evolução da receita.
Ainda segundo Marsel, o cultivo também é justificado pela alta rentabilidade da cultura por unidade de área de água. Enquanto um produtor de café fatura de R$ 10 a R$ 14 mil por ano em um hectare, o produtor de morango, na mesma área e no mesmo período, tem uma receita média de R$ 200 mil.


O morango permitiu a inclusão de pequenos agricultores, constituindo-se em excelente oportunidade para dar sustentabilidade à agricultura familiar e estabelecer parcerias entre pequenos e grandes produtores. O sucesso das primeiras colheitas provocou os atores envolvidos e novos desafios se apresentam.
Com o apoio do Sebrae para implantação do projeto, foram identificadas as ameaças, oportunidades, forças e fraquezas do Projeto Morango na Chapada Sul. A instalação de uma Unidade de Beneficiamento e Processamento do principal concorrente se apresentou como um novo desafio a ser enfrentado. “O foco em encadeamentos produtivos compõe a estratégia de atuação da unidade. Estamos identificando oportunidades para novos projetos no setor, pois acreditamos nos benefícios dos relacionamentos cooperativos, de longo prazo e mutuamente atraentes, entre grandes e pequenas empresas, estimulados por esse modelo”, afirmou a gerente da Unidade de Agronegócio do Sebrae Bahia, Célia Fernandes.

 

Fonte: Revista Conexão/SEBRAE

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