NOTA DO GRÊMIO ESTUDANTIL CEEB
Prezados colegas,
Portanto, elas não conseguiriam realizar todo esse processo sozinhas.
A carga horária estendida imposta aos estudantes, além de tornar as aulas extremamente cansativas para nós, ainda faz com que seja impossível um descanso mínimo para os professores entre os turnos. Os funcionários da escola, que trabalham nos dois períodos, teriam que ficar no trabalho das 7h da manhã às 18h, sem sequer terem tempo de ir em casa almoçar. De forma resumida, o tempo que eles passarão nas escolas é, no mínimo, 11 horas consecutivas. Além disso, os responsáveis pela limpeza precisarão ficar ainda mais tempo, certificando-se de deixar o ambiente pronto para as aulas do dia seguinte.
Devem ser lembrados, também, os estudantes da zona rural. Como já é de conhecimento público, as aulas remotas infelizmente não são uma realidade para todos eles. Poderia-se constatar que o ato de decretar o início das aulas semipresenciais viesse para contemplar esses estudantes, que não têm acesso a internet. Mas novamente, a situação deles é ignorada pelo estado. Nenhum carro estará disponível para levá-los para a escola. Teriam que gastar do seu próprio dinheiro, para atender ao desejo da carnificina implantada pelo governador.
Além de tudo isso, há a questão principal: a saúde. Nesse mais de um ano de pandemia, o gestor da Bahia criticou duramente diversas vezes as ações do governo federal, que atenta contra a vida humana, minimiza a fatalidade do vírus e espalha fake news para a população, nos levando ao colapso que nos encontramos hoje. Mas parece que o governador, de modo incoerente, resolveu agir da mesma forma.
Esse retorno às aulas faz parecer que estamos preparados para isso. Sabemos que não estamos. Os professores já tomaram a primeira dose da vacina, mas isso não é uma imunização completa. De qualquer maneira eles estarão correndo o risco de adoecer. E mesmo que estivessem completamente imunizados, com suas vidas asseguradas, sabemos que ainda poderiam se infectar e transmitir o vírus.
E, ainda sobre a indiferença à vida, temos um informativo crucial: os alunos também precisam estar vivos. Foram esquecidos todos os alunos com comorbidade, todos os que tem pessoas da zona de risco em casa, as cepas do coronavírus que se mostram cada vez mais letais aos jovens.
Sabemos que a Covid 19, já é a doença que mais mata jovens entre 10 e 19 anos no Brasil. E é a esse vírus (que se tem mostrado cada vez mais letal para todas as pessoas) que estaremos expostos se formos à escola.
Nós somos os indivíduos que mais sentem falta das aulas presenciais, do contato com os colegas, com os professores. Nós sentimos que o aprendizado é melhor quando se está na escola. Mas, acima disso, reconhecemos o perigo que corremos nos expondo ao vírus dessa maneira. Sabemos que o Artigo 5 da Constituição Federal assegura a vida do brasileiro. E esse retorno às aulas, nesse momento e dessa forma, atenta contra esse direito básico.
O Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Edivaldo Boaventura declara que nenhum de nós, participantes, irá para a escola a partir de segunda-feira, dia 26. Aproveitamos essa nota, para convidar todos os estudantes da nossa escola e das demais que nos acompanhem nesse movimento. Não se exponham a esse risco. Se conscientizem, prezem pelas suas vidas e pela de seus familiares e amigos. Juntem-se a nós nessa resistência.
“Aulas se recuperam, vidas não!”
Maracás-BA, 24 de julho de 2021.
Coordenação Geral
Grêmio Estudantil CEEB