Um importante patrimônio histórico cearense foi tombado neste último sábado (20) e faz parte de um episódio pouco lembrado no Brasil: a construção de campos de concentração no nordeste, entre 1915 e 1932, para impedir que a migração dos “flagelados da seca” (como dizem os documentos) chegasse às capitais.
No caso de Fortaleza, Ceará, havia o campo de Patu, em Senador Pompeu, que virou Patrimônio Histórico Cultural da cidade depois de anos de anos de tentativas.
Assim, a lei protegerá as ruínas de 12 casarões, a Vila Operária do complexo e as três casas de pólvora da cidade. Em geral, os campos para retirantes da seca eram compostos apenas por acampamentos provisórios feitos sem grande infraestrutura para aprisionar os interioranos. No caso de Patu, ele foi montado nas instalações abandonadas pelas empresas britânicas que se voltaram à construção do Açude de Patu.
Muitos pedidos de tombamento já haviam sido solicitados, no entanto, foi apenas em 2010 que um processo começou a ser avaliado. Em 2017, foi oficializada a preservação provisória do complexo pela Comissão de Patrimônio da Secretaria de Cultura do Ceará (Secult). E agora, ocorre o firmamento do Termo de Ajustes de Conduta entre a Prefeitura e o MP-CE.
É importante ressaltar que não se tratam de campos de extermínio como os da Alemanha Nazista e, apesar de ter existido campos de concentração para prisioneiros políticos e étnicos durante o Estado Novo, nunca houve um processo de aniquilação dos prisioneiros desses campos.
Dos três campos construídos no estado, apenas em Senador Pompeu restou o patrimônio arquitetônico e sua proteção foi adiada diversas vezes, num esforço de silenciamento. Hoje, o pesquisador natural da região, Valdecy Alves, trabalha para o reconhecimento desse período e atenção aos campos que já foram presentes no Ceará.
Fonte|Aventuras na história