O Monitor de Secas é um processo de acompanhamento regular e periódico da situação da seca no Nordeste, cujos resultados consolidados são divulgados por meio do Mapa do Monitor de Secas. Mensalmente informações sobre a situação de secas são disponibilizadas até o mês anterior, com indicadores que refletem o curto prazo (últimos 3, 4 e 6 meses) e o longo prazo (últimos 12, 18 e 24 meses), indicando a evolução da seca na região.
Em junho, de um modo geral, foram observados índices pluviométricos que acompanharam a média histórica em praticamente toda a região analisada. Apesar disto, ocorreram desvios absolutos significativos nos estados do Maranhão (MA) (porção norte), Ceará (CE) e parte da região leste do NEB. Percentualmente, os desvios mais significativos ocorreram em áreas cuja climatologia era baixa, como grande parte do oeste do NEB e Minas Gerais (MG).
Quanto a chuva observada, os maiores volumes ocorreram no norte do MA, superiores a 150 mm, na região metropolitana de Fortaleza, no leste de Rio Grande do Norte (RN) e nos litorais da Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL) e Sergipe (SE), bem como no litoral norte da Bahia (BA). Nas demais áreas, os totais acumulados foram inferiores a 100 mm, destacando-se uma extensa área na porção oeste do NEB e MG, onde as chuvas observadas foram inferiores a 20 mm.
O Monitor de Secas tem como objetivo integrar o conhecimento técnico e científico já existente em diferentes instituições estaduais e federais para alcançar um entendimento comum sobre as condições de seca, como: sua severidade, a evolução espacial e no tempo, e seus impactos sobre os diferentes setores envolvidos. O Monitor facilita a tradução das informações em ferramentas e produtos utilizáveis por instituições tomadoras de decisão e indivíduos, de modo a fortalecer os mecanismos de Monitoramento, Previsão e Alerta Precoce.
No Brasil, o Monitor de Secas está sendo desenvolvido em uma base piloto com foco na região semiárida do país por um amplo grupo de especialistas e instituições brasileiros (entidades federais e estaduais, universidades e com a participação da sociedade civil). A iniciativa também contou com o apoio financeiro do Banco Mundial e de parceirias internacionais com: a Comissão Nacional da Água do México (Conagua), o Centro Nacional de Mitigação de Secas, dos Estados Unidos, além de instituições governamentais e acadêmicas da Espanha. Na sua mais nova fase, o Monitor conta com a Agência Nacional de Águas como instituição central do processo, sendo responsável pela coordenação ao nível federal e pela articulação com os estados da região, assim como, sua expansão para outros estados.
O desenvolvimento de um Monitor de Secas no Nordeste do Brasil se alinha às mais recentes discussões e a outras iniciativas que vêm ocorrendo em nível nacional e internacional. O trabalho responde a uma necessidade histórica de melhoria no monitoramento e gerenciamento das secas no Brasil e representa o primeiro de muitos passos necessários para uma radical e urgente mudança de abordagem – da gestão emergencial e reativa à preparação e gerenciamento proativos – que permita lidar com a seca desde os seus primeiros sinais, definindo ‘gatilhos’ para lidar com estágios de severidade crescente da seca e reconhecendo tratar-se de um evento progressivo que se instala lentamente.
Esta iniciativa surge no contexto da seca prolongada que vem assolando o Nordeste desde 2012 e já é apontada como a seca mais grave em décadas, ou até mesmo dos últimos 50 a 100 anos. Este evento extremo ajudou a estimular a retomada do diálogo a respeito de como melhorar a política e a gestão das secas no país, com o intuito de que seja um processo transparente, permanente e consistente.
O Monitor tem o potencial de se tornar um novo patamar na história de preparação para a seca e convivência com o semiárido no Brasil. Trata-se de um mecanismo de integração da informação de nível federal, estadual e municipal nas áreas de meteorologia, recursos hídricos e agricultura. Assim, a ação promove um esforço colaborativo entre diferentes instituições a partir de uma abrangência mais simples, que pode avançar gradualmente.
O Monitor poderá ajudar a melhorar o alerta precoce e a previsão de secas, assim como deverá servir como subsídio para a tomada de decisões e políticas em escala federal, estadual e local. Ao mesmo tempo, três planos de preparação para a seca na região semiárida estão sendo preparados em diferentes níveis (bacia hidrográfica, região metropolitana e município). Estes planos ilustrarão a mudança de paradigma para uma gestão mais proativa das secas.
Fonte: Monitor da Seca